Por Emiliano José*
A Universidade Federal do Recôncavo (UFRB) é hoje uma impressionante realidade. Com pouco mais de cinco anos, já é parte da vida da Bahia e especialmente uma instituição que sacudiu a existência dos moradores do Recôncavo. Educação, cultura, desenvolvimento, crescimento econômico - a UFRB chegou para mostrar o quanto uma universidade traz de impactos positivos não só para os seus alunos, principais beneficiários dela, mas para toda a população.
Seus professores, funcionários e estudantes devem sentir-se justamente orgulhosos do que construíram até agora e têm a responsabilidade de seguir fazendo dela, cada vez mais, uma casa de ensino, pesquisa e extensão, e, também, uma casa da cidadania, porque a universidade, antes de tudo, antes de formar profissionais de qualidade para atuar no mercado, forma cidadãos conscientes de seus direitos e deveres com o seu País, com a humanidade. O Recôncavo hoje é outro com a presença da UFRB.
Amargosa, Cachoeira, Cruz das Almas, Santo Antonio de Jesus sentiram positivamente a presença da UFRB. Brevemente, Santo Amaro terá um campus também. E esperamos que outros municípios sejam também agraciados.
E eu me lembro que quando das primeiras discussões sobre a UFRB, havia os que, acostumados à paralisia em que vivia a Bahia com a oligarquia que nos dominava, diziam que aquilo era uma idéia impossível de se concretizar, o argumento costumeiro dos que pretendem barrar todos os sonhos. De fato, era um sonho ousado, pois queria a implantação de uma universidade multicampi, com presença em diversos municípios do Recôncavo e redondezas. Havia até os que concordavam com a criação da Universidade, mas que ela ficasse reduzida ao município de Cruz das Almas, onde já funcionava a Escola de Agronomia, vinculada à UFBA.
E o importante é que o surgimento da UFRB foi consequência de um impressionante processo de mobilização do povo de todo o Recôncavo e adjacências. Foram mais de 50 reuniões e audiências públicas, com a participação de milhares de pessoas. Tive a satisfação de participar de algumas delas. O atual reitor, Paulo Gabriel, foi uma das mais destacadas lideranças desse processo. Isso não podemos desconhecer por dever de justiça. A UFRB está apenas começando, mas, nesse começo, já é possível antever o destino de uma universidade capaz de participar ativamente das impressionantes e aceleradas transformações científicas, culturais, ambientais e sociais do mundo de hoje.
Tenho convicção de que a UFRB é uma espécie de despertar. A Bahia tem que continuar a luta para ter mais universidades federais. Minas Gerais, um estado muito assemelhado à Bahia em tamanho e população, já possui mais de dez universidades federais. A vida política anterior, com uma oligarquia paralisante e retrógrada, impediu que tivéssemos mais de uma universidade. A UFRB é a primeira integralmente baiana depois da UFBA. A Univasf, que surgiu antes, nós a dividimos com Pernambuco.
Queremos que aconteça logo a Universidade do Oeste. Estão sendo dados os primeiros passos para a implantação de um campus da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afrobrasileira (Unilab) em São Francisco do Conde. E por que não uma Universidade Federal do Sertão? Uma Universidade Federal da Chapada Diamantina? Uma Universidade Federal do Extremo Sul? Uma Universidade Federal do Vale do Paramirim? Uma Universidade Federal da Região Metropolitana? Uma Universidade Federal do Sudoeste?
Que se atenda às demandas dos quatro cantos da Bahia por novas universidades federais, para além da importância das universidades públicas estaduais, que também devem ser tratadas com imenso carinho. Alerto que isso só será possível com a mobilização da sociedade, tal e qual ocorreu com a criação da UFRB.
O reitor Paulo Gabriel e toda sua equipe, professores e funcionários, estão de parabéns pelo que construíram até agora e pelo que estão desenhando para o futuro. Mostraram que os sonhos só são realizáveis quando há os que lutam por eles. Lutaram o bom combate. E hoje o povo colhe os frutos. O povo do Recôncavo e de toda a Bahia. Os que apostaram na paralisia ficaram para trás.
*Emiliano José é deputado federal (PT-BA), jornalista, escritor, doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Universidade Federal da Bahia.
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Fonte:Assessoria de Comunicação
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N. do E. Artigo publicado, originalmente, no Jornal "A Tarde", Edição do dia 25.04.2011.
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